domingo, 30 de outubro de 2011

Monólogo Polifônico - Interlúdio Primeiro - Um poema sobre mim de um amigo meu.


Acho que você precisava de um lugar para descansar, só.  Apenas um lugar tranqüilo.

Um lugar no espaço torto de nossa geografia, ou quem sabe na imensa distorção de nossa mente torpe.  Na fatídica noite de uma terça-feira você me procurou e por aqui ficou até a quarta.  E era a quarta vez que nos falávamos daquela forma, com os olhos tão grandes e imprecisos. E preciosas eram as palavras, ou quem sabe a ausência delas.

Estávamos doentes, uns mais que os outros, e esses outros fascinavam outros uns. Mas ainda assim, apesar da doença de todos e da confusão de cada um, estávamos todos muito belos.

Os cabelos sempre bonitos, os cílios maiores do mundo, o metal dos óculos velhos, o luto da roupa de luto...  Na garganta talvez um soluço, que não se manifestou e nem se prontificou a soluçar.

O afeto nos atacava em feixes que saiam de nossas bocas. 


E era tanto carinho que nem o maior dos gigantes poderia dissipá-lo com sua força.