domingo, 27 de novembro de 2011

De noite...

Essa noite cheguei em casa e não dormi...Olhei a lua... Garanti que a noite existiria até o sol nascer. Fui guardião do tempo; zelei o sono do mundo. 
Botei três dedos de água nos pequenos vasos que tenho e garanti que a vida não se acabasse. Brinquei de Deus. Brinquei de Deus com as pequenas formigas sobre minha pia, brinquei de Deus com os pequenos peixes do meu aquário, brinquei de deus com o amor que me ofertaram... 


Decidi pela vida dessa vez... A contragosto de meu ímpeto infantil. 


Deixei minhas mágoas e fiz com que houvesse silêncio. Tranquei as portas que abri e me certifiquei que as outras estivessem fechadas também. Fechei todas as torneiras para garantir que não faltasse água no mundo e desliguei todos os equipamentos elétricos para garantir que não faltasse energia na Terra.
Com luz que escorre do sol e que cai na terra em enormes gotas de mel alimentei minha mãe e irmã. Passei de quarto em quarto e cobri cuidadosamente todos para que ninguém se resfriasse, preparei a mesa para o café da manhã que chegou antes mesmo que a aurora, contei o dinheiro do dia, fruto do trabalho do mesmo dia; Pensei cuidadosamente nas atividades do dia seguinte; fiz minha cama por puro reflexo como tantos beijos que lhe dei; apaguei todas as luzes, e vi que isso era bom.
Garanti que apenas as sombras me acompanhassem, esbarrei nos livros que não havia arrumado e pensei no que ainda estava por fazer. E como disse não dormi... Me certifiquei que a noite existiria até que o sol nascesse, estava pronto para recepcioná-lo. E zelava por esse mundo... foi então que cochilei… acordei assustado e disse baixinho: Deixa... Se hoje eu zelo por ti amanha me vingo de tudo...